Ele me olhando de lado me ofereceu uma xícara de café. Eu aceitei o café como alguém que aceita um copo de água qualquer. Segurei a xícara até o café esfriar. Ele olhou sorridente, me perguntou se não estava bom. Apenas sorrir para ele com aquela xícara cheia de rachaduras na mão, fazendo um gesto de que não queria mais. Ele pegou a xícara da minha mão, e tocou em meus dedos ao pega-lá. Ele sabia, que café não era minha bebida preferida, talvez um whisky caísse melhor. Já que eu estava em constante ressaca, não que eu tenha saído por ai e enchido à cara ou afogado as mágoas em um copo de bebida por ai. Eu apenas... Apenas, o que importa o meu estado. Bom talvez ele me ofereceu aquela xícara de café na intenção de esquentar meu coração, que por sinal, cara estava frio. Mas até o café se esfriou e tudo em mim continuava gelado. Ele se sentou ao meu lado, passeou com os dedos entre os meus cabelos, me olhou profundamente, até parecia que ele tentava ver o que havia por dentro, acho que mais necessariamente minha alma. Se ele realmente conseguisse enxergar o meu estado, ele se assustaria, eu além de vazia, estava em total dano, em total falta de amor. Algumas coisas já não tinham mais o poder de me ferir como antes, eu aprendi a me curar sozinha. Aquela falta de amor que me habitava já fazia parte de mim. Já tinha aprendido conviver com a constante solidão. Acho que isso se traspassava em meus olhos, talvez, por isso ele me olhava profundamente como alguém que quer te dá um abraço. Já não precisava de um abraço, já não queria mais um, tenho certeza se ele me abrasse eu iria chorar em teu abraço. A gente sempre espera que alguém note, perceba que um abraço faria a maior diferença em um coração ferido, ou até mesmo uma dúzia de palavras doces, mas meu amigo quando se acostuma com a dor e aprende a conviver um abraço não faz mais tanta diferença como antes. – Sabe ás vezes você é a única pessoa nesse mundo inteiro que melhor do que ninguém pode curar todas as suas dores. Você tem que aprender, e amadurecer, haverá dias difíceis que não haverá nenhum abraço acolhedor para te tirar de tudo aquilo. Ele sorriu e disse: - Você não precisa segurar o mundo nas costas. Eu não falei absolutamente nada, apenas sorri. E com um único sorriso ele entendeu que eu havia largado de lado todos os problemas do mundo há muito tempo. Juliana Sthella

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